quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ojala Pudiera Borrarte


Ojala y te me borraras de mis sueños
Y poder desdibujarte
Ojala y se me olvidara hasta tu nombre
Ahogarlo dentro del mar
Ojala y que tu sonrisa de verano
Se pudiera ya borrar

...pa' que pares de llover sueños.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Hoje as contradições são tamanhas que não tenho podido manter a serenidade no semblante e nas conversas ainda que triviais. Na despedida de uma delas, com um companheiro querido, preferi parecer vulnerável na verdade do que hostil na omissão.
- Me perdoe, amigo. Creio estar tão nublada quanto esta segunda-feira.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Voo

O clima lá fora não está bom, passo por uma zona de instabilidade. Tenho que permanecer em meu lugar e manter meus cintos afivelados, não há muito o que fazer. Mas ainda há paraquedas.

Ontem em frente ao espelho a imagem diante do vidro refletia turva interrogação. Mas, diferente do alferes de Machado, não vesti a faixa. Permaneci sem, cerrei os olhos, sobrepujei o eu exterior, olhei através e reencontrei o eu interior. Há paraquedas.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

'Cause if I am your Wolverine
Then you're supposed to be Jean Grey
But sorry, honey...phoenixes don't die!

Mrs. Confusion

Here comes another and another
You know you don't want it
Those girls are like a non-stop confusion

Another lover
You don't know if you want her,
You've never want her to be it

You thought you've got it
But all you've got is a hole

Can't you see?
Could be one or maybe three

Mrs. Confusion, make a move

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Minhas pernas me levavam de volta pro trabalho. As coxas doíam, as costas doíam, os olhos pesavam. A rotina intensa, o dormir tarde, o acordar antes  do amanhecer. O estresse, a pressão, o esforço pela calma, pelo equilíbrio. Tocou o telefone, eram os olhos cor de chuva com cabelos cor de sol. O sol queimava, o calor entorpecia, a ligação foi um oásis no meio do deserto da volta do almoço. Ligou para saber de política e eu falava com todo prazer, enquanto me imaginava falando as mesmas coisas em seu quarto fresco, claro, olhando pela janela que trazia o vento, deitada em seu ombro.

E quando anoitecesse, ainda seria dia em seus cabelos loiros. Desmanchando o pijama, o que me pediria entre os beijos? O que me importariam as provocações, tensões, falácias? Sobre mim desenrolariam seus cabelos...

Ainda que já tenha passado no meu coração, há as reminiscências. Sobra o seu perfume.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

França: orçamento socialista taxa mais ricos e empresas


O presidente François Hollande apresentou um projeto de orçamento para 2013 marcado por um nível de arrocho jamais visto nos últimos 30 anos e por um aumento dos impostos que, globalmente, recairá sobre os bolsos das famílias de maior renda e das empresas com maiores lucros. O primeiro orçamento socialista modifica o que foi realizado até agora pela direita: dois terços das arrecadações virão do aumento dos impostos para os ricos e as empresas, o que implica o fim de numerosas isenções fiscais. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.
Eduardo Febbro - Paris
Paris - O socialismo francês acaba de formatar uma versão inédita da disciplina orçamentária: o rigor à esquerda. O presidente François Hollande apresentou ao Conselho de Ministros um projeto de orçamento para 2013 marcado por um nível de arrocho jamais visto nos últimos 30 anos e por um aumento dos impostos que, globalmente, recairá sobre os bolsos das famílias de maior renda e das empresas com maiores lucros.

No total, esse plano qualificado como “orçamento de combate” se articula em torno da arrecadação de 20 bilhões de euros de novos impostos e de 10 bilhões cortados em gastos administrativos. Os 20 bilhões serão pagos, em partes iguais, 10 bilhões os mais ricos e 10 bilhões as empresas mais lucrativas. A essa soma deve-se agregar ainda outros 2,5 bilhões de euros que serão cortados do seguro social.

No total, se se adicionarem os objetivos deste orçamento mais as medidas votadas em julho passado, o Executivo aposta em obter uma arrecadação suplementar de 40 bilhões de euros. O objetivo não é social, mas orçamentário: trata-se de levar o déficit atual, 4,5% em 2012, para 3% em 2013. A meta, no entanto, se apoia em um cálculo de crescimento de 0,8%, uma variável que os economistas julgam demasiado otimista e tão incerta quanto um número de loteria.

O certo é que, após dez anos de governos de direita e de orçamentos conservadores que decapitaram as classes médias e populares, François Hollande elaborou o primeiro orçamento da esquerda. Não há, cabe dizer, nenhuma reorientação substancial. Trata-se sempre de reduzir a dívida e os déficits, mas sem sancionar aqueles que antes pagavam a conta nem desmantelar o pouco que resta do Estado de Bem-Estar.

O Executivo assegurou que os mais de 24 bilhões que serão arrecadados com os novos impostos virão “unicamente de um em cada dez cidadãos e das maiores empresas”. O cálculo está longe de ser verossímil. O primeiro ministro francês, Jean-Marc Ayrault, assegurou quinta-feira que “90% dos franceses, as classes médias e populares, não pagarão mais impostos. O esforço recairá sobre os 10% que têm mais renda e, entre estes, sobre o 1% mais ricos”.

No entanto, a França sabe hoje que todo mundo terminará pagando algo, ainda que desta vez a redistribuição do esforço será mais equitativa porque rompe com a política da vítima única tão comum quando a direita está no poder. A demonstração em cifras mostra que o Executivo socialista apontou suas calculadoras para as pessoas que tem maiores recursos: as pessoas que têm ganhos equivalentes a 150 mil euros (1%, o que equivale a 50 mil contribuintes) pagarão muito mais impostos do que antes. A partir de 250 mil euros os impostos aumentam exponencialmente. A isso se soma uma taxa de 3% que sobe para 4% para quem ganha na casa do meio milhão de euros. As 1.500 pessoas que ganham esta soma pagarão uma taxa excepcional de 75%.

Antes que fosse divulgado o projeto de orçamento para 2013, os empresários franceses lançaram uma ofensiva e questionaram a filosofia da reforma fiscal. O organismo que agrupa o patronato, o MEDEF, vem dizendo que a chave está tanto na redução do gasto público quanto nos custos necessários para manter um posto de trabalho.

A situação da França é complexa. Há hoje mais de 3 milhões de desempregados e um crescimento que está estagnado. François Hollande deve, ao mesmo tempo, cumprir suas promessas de justiça social sem perder de vista a dívida e o déficit. O contexto, porém, é adverso. O Instituto Nacional de Estatística (INSEE) revelou esta semana que durante o segundo trimestre de 2012 a economia teve um crescimento nulo. O ex-presidente liberal Nicolas Sarkozy saiu em maio passado, mas deixou uma dívida colossal. Nos cinco anos de seu mandato, a dívida passou de 64% do PIB para 91%. François Hollande disse nesta sexta-feira que o país teve “600 bilhões de dívida suplementar durante o último quinquênio. Eu me comprometo a que, no final de meu mandato, não haja nenhum euro a mais”.

A dívida da França tem repercussões enormes. Segundo explicou o governo, o que se cortará e o que se arrecadará no ano que vem servirá apenas para pagar os juros dos empréstimos contraídos, a saber, cerca de 46 bilhões de euros. A missão de François Hollande se parece com a de um desses filmes norteamericanos onde o herói tem que fazer um monte de proezas impossíveis para sobreviver e seguir sendo herói: o chefe de Estado tem que acalmar os mercados, a Alemanha e a Comissão Europeia, zelosa guardiã dos interesses liberais; ao mesmo tempo, Hollande deve corrigir o caminho traçado pela direita que governou durante a última década e manter vivo o moribundo Estado de Bem-Estar. E como se isso não fosse o bastante, também precisa ser fiel aos compromissos de igualdade, justiça e solidariedade.

O primeiro orçamento socialista modifica o que foi realizado até agora pela direita: dois terços das arrecadações virão do aumento dos impostos para os ricos e as empresas, o que implica o fim de numerosas isenções fiscais aprovadas pela direita para essa categoria. O terço final sai dos cortes nos gastos administrativos. Com exceção dos ministérios da Educação, Justiça e Segurança, todos os demais entraram no regime de cortes. Os socialistas estão produzindo um novo filme: “Os caçadores das arcas vazias”. Por enquanto a conta será paga pelos ricos. No entanto, só se conheceu o primeiro capítulo de uma produção que pode trazer muitas surpresas. Os fundos não saem do nada e é muito possível que, de alguma forma, todo mundo termine pagando algo.

Tradução: Katarina Peixoto

Carta Maior